quarta-feira, 14 de março de 2012

MATARAM O TUA, HOUVE DENÚNCIA...E VAMOS CANTANDO E RINDO

ENERGÈTICAMENTE, este País é uma maravilha!
Não vem ao caso a recente alteração de suas excelências, ocorridas por motivos de altas voltagens que de vez em quando mexem onde não deviam mexer, pois há circuitos energéticos intocáveis.
Mas vem esta nota agora a lume pois passou um ano no pretérito dia da Independência Nacional (1/12/2011) que houve denúncia pública de acontecimentos precedentes em correntes eléctricas desnudas, denúncia que mão amiga fez chegar "a quem de direito"...e nada, ao que conste! Para que a memória futura não fique confusa, com a devida vénia e permissão dos autores, transcreve-se. Vale a pena a paciência para recapitulação ou iniciação num tema mui quente que anda a chamuscar gente honesta! Segue pois.

" Ex.mos Senhores


À consideração do DCIAP



O Diário de Notícias (DN) - de hoje, 1 de Dezembro de 2010, “assinalando” o dia da Restauração – vale a pena ser lido com os vossos olhos de investigação bem focalizados.

A penúltima página tem 3 – três – artigos coincidindo na mesma “suspeição” de que “Há algo de podre no vale do Tua” - entre aspas transcrevi o título do mais “incidente” na temática de que há algo de “errado” nas decisões e controvérsias.

Não será importante investigar a razão de tanto desdizer o que se disse e provou?


Não estou a insinuar “paralelismos” com casos intrincados que levaram quase (?) 4 anos a ter “decisão” sobre ele, mas estaremos perante a defesa de bens irrecuperáveis entregues a “vendilhões” ou “sucateiros”?

Importava dizer aos Portugueses que o Território nada vale … e que os espanhóis (nossos vizinhos) ao darem o exemplo da recuperação das suas ferrovias “por montes e vales” de Astúrias e Cantábria, com intensa exploração turística, integrada essa recuperação e exploração em planos sérios de desenvolvimento regional e em prol de incremento económico e revalorização do “capital” que antepassados lhes legaram (para não falar em Deus que lhes deixou a herança terrena) tornando a “obsolescência” num valor inigualável para quem tem das “coisas” (bens terrenos e territoriais) uma visão de cultura (e de riqueza), estão a desperdiçar os dinheiros públicos?!

Parece-me, após estudos sérios e envolvimento nacional e comunitário referidos, que tantos pareceres dados em favor da conservação/restauração da Linha do Tua e sua classificação inicial para interesse patrimonial nacional, protecção das zonas envolventes e sujeição aos regimes especiais legais aplicáveis decorrentemente para integração num desenvolvimento regional sustentado (sói dizer-se assim, hoje em dia) não podem ser “afastados” tão levianamente (entenda-se a etimologia) por um Despacho! “Não há fumo sem fogo”…e parece de facto que os espanhóis são parvos e nós, os do ocidente Ibérico, os inteligentes, os ajuizados, face a despachos quejandos.

Há-de ter-se em conta as críticas que “nuestros hermanos” também fizeram, em tempo (e “deu na TV”), sobre as indecisões de Portugal em preservar e restaurar todo o seu património ferroviário e pô-lo a render! (Há quem prefira umas boas férias a bordo de um comboio, gozando viagem, paisagem e apeadeiros servidos adequadamente em detrimento – ou complemento - de “algarves”) Tudo isto se “deita fora” impunemente, por mero Despacho (feito ou mandado fazer, a saber). Isto não é crime lesa-património?! Com a agravante de ser pelo mesmo punho que se exaram despachos contraditórios! Ou é leviandade no primeiro Despacho – o que não tem aparência de tal, pelos estudos que o precederam e referidos no DN; ou é leviandade no segundo, que faz a inumação do primeiro e afoga, por decorrência, o Património Nacional!

Haverá contra-partidas?! A quem e como? A “EDP” (ou lá parte dela, que já não se sabe qual) vai criar um fundo para apoio ao desenvolvimento regional!? Só por graça – desenvolvimento de quê e de quem, se tudo fica afogado ou ilhado (neologismo; leia-se: feito ilha). A contra-partida será a distribuição de “leds” - pirilampos nacionais e aborígenes será impossível, pois ficarão sem sustento – para os indígenas compatriotas?

E construir uma barragem para ganho de quantos watts obteníveis de outra forma, ao que parece? O interesse está nos “watts” ou na construção da barragem?

“Cherchez la femme!” – era o Poirot que dizia?

(Estão a ver o Concelho de Mourão? (Ali mais para baixo) Afogou-se! E esteve lá o Senhor Primeiro Ministro Eng. António Guterres (era mesmo Engenheiro) – que por ironia, é hoje Alto Comissário da ONU para os Refugiados - a “pôr a primeira pedra” de nova indústria papeleira que iria substituir a que deixou afogar! E lá ficaram mais uns tantos alentejanos “refugiados”! É assim que se “aprende”: empiricamente. Que é feito da indústria na terra? Onde está o desenvolvimento regional e local trazido na esteira dessa primeira pedra?).

Ser Português não tem de transformar-se num eufemismo/sinónimo de néscio!

Porque acredito que não tendes tempo para buscas em hemerotecas (nem tão pouco para seguirdes o “curso” dos actos ínsitos nos Diários da República (DR) - em qualquer das Séries e Suplementos), e com a devida vénia, vos “transponho” para aqui as opiniões publicadas e fundamento deste meu arrazoado; bem como “caminhos electrónicos” para chegardes aos DR de interesse.

Queiram os Senhores aceitar os meus respeitosos cumprimentos, e aproveito para desejar um Santo Natal aos que professam, se não vos incomodar até lá.

Novamente me identifico, pois não gosto de anonimatos, aguardando os resultados do vosso honesto trabalho.

Fuão, morador e cidadão identificado
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Há algo de podre no vale do Tua

por DANIEL CONDE (Movimento de Cidadãos em Defesa da Linha do Tua)



“Há algo de podre no vale do Tua, e não é o fantasma do futuro a trazer um travo a esgoto das águas eutrofizadas da albufeira do Tua.

Há algo de errado quando um Estudo de Impacto Ambiental e um Relatório de Conformidade Ambiental de Projecto de Execução (RECAPE) afirmam numa base científica que a barragem vai ser desastrosa a nível regional e insignificante a nível nacional, mas a barragem avança.

Há algo de errado quando a Linha do Tua tem vindo a ser abandonada ou mesmo mencionada no caso Face Oculta, mas a culpa da má manutenção da via e estações é atirada como que para os próprios utentes que a utilizam. Há algo de muito errado quando um consultor da UNESCO afirma deslumbrado que a Linha do Tua tem todas as condições para ser considerada Património da Humanidade, reiterando o que disse o Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (Ifespar) sobre o seu valor patrimonial único, mas depois os ministérios do ambiente e da cultura (e depois o próprio Igespar) concluem que nem o vale nem a Linha do Tua têm valor patrimonial ou ambiental algum, arquivando com uma celeridade desconcertante o processo de classificação desta como Património Nacional.

Algo não está bem quando os comboios da Linha do Tua ficam sobrelotados de turistas, quando o Plano Estratégico Nacional de Turismo e o Plano Regional de Ordenamento do Território do Norte prevêem maravilhas turísticas para esta região, e quando um projecto de turismo ferroviário para a Linha do Tua fica em terceiro lugar num concurso nacional de empreendedorismo, e a CP e a Refer fecham as portas à sua exploração turística.

Algo de muito errado se passa quando com um projecto ferroviário de baixo custo se poria um madrileno em Bragança em duas horas, e nos debates havidos em Trás-os-Montes sobre desenvolvimento ninguém diz uma palavra sobre caminhos-de-ferro.

Muito mal vai o estado da Democracia quando a voz de 18 mil peticionantes contra a construção da barragem do Tua e a favor da reabertura, modernização e prolongamento da Linha do Tua, defendendo inclusivamente métodos alternativos mais baratos e mais eficientes de produção e poupança de energia, não é ouvida ou não é suficiente para calar a de meia dúzia de indivíduos mal intencionados e de carácter duvidoso.

A lista de incongruências, atropelos, e laivos de actividades amplamente contempladas no Código Penal avoluma-se. Vagas de estudos científicos e pareceres de especialistas - de entre os quais UNESCO e Comissão Europeia - que apontam um severo dedo à barragem do Tua e coroam de louros o vale e a Linha do Tua, esboroam-se com um rumor de espuma do mar contra sabe-se lá que perigosos rochedos e contracorrentes.

Chegados a este ponto é lícito perguntar: em que mundos vive o Ministério Público e a PJ, ou será que o vale e a Linha do Tua é que já não pertencem a este mundo? Tudo isto existe, tudo isto é triste, tudo isto fede.”


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O Tua e o poder do mais forte

por JORGE TRIGO (Historiador)

“Décadas de luta persistente por parte dos amantes da Natureza, dos apaixonados pelos caminhos-de-ferro, dos transmontanos, gente habituada há muito a viver longe dos centros do poder, conseguiram que a Linha do Tua se mantivesse em funcionamento. Em 1979 a fadista Florência, nascida no Porto, foi a intérprete no XVI Festival RTP da canção O Comboio do Tua, que fazia a apologia à linha, ao comboio e aos ferroviários. Depois da actuação de Florência os trabalhadores ferroviários do Tua enviaram-lhe o seguinte telegrama: "Ferroviários Linha do Tua enviam felicitações pelo êxito obtido canção Comboio do Tua todos estamos consigo desejamos triunfo final."

O disco de 45 rotações foi dedicado por Florência à Linha do Tua e autografado com o desejo de muitas viagens. A canção classificou-se em oitavo lugar, com 63 pontos, e tornou-se um dos seus maiores êxitos. Começava a assim: "Olha o comboio que sobe o Tua. Trás emigrantes, trás emigrantes/E no comboio que sobe o Tua/Velhos soldados e estudantes /Vão de viagem p"ra Trás-os-Montes/E o comboio que sobe o Tua/Faz pouca terra a muita terra,/Até ao filho que anda na rua./ E há namorados p"ra além do Tua,/Lenços bordados, roupas de cama./Brincam crianças soltas na rua/Por entre as pedras, no meio da lama."

Nos últimos anos os "ataques" à Linha do Tua foram ocorrendo. Muitos procuraram resistir. Multiplicaram-se acções em defesa desta "peça única e exemplar do património ferroviário português". O filme Pare, Escute e Olhe (2009), de Jorge Pelicano, sobre a extinção da linha ferroviária do Tua, uma das três mais belas da Europa, ameaçada pela barragem que a inundará, contribuiu para a sensibilização da opinião pública. No final de Julho deste ano o Igespar despachou favoravelmente o pedido de abertura do processo de classificação da Linha Ferroviária do Tua como Património de Interesse Nacional, no seguimento de um requerimento entregue no Igespar em Março de 2010, subscrito por um conjunto de pessoas que têm vindo a lutar em defesa da Linha que estão contra a construção da barragem da EDP, pois irá submergir grande parte daquela linha centenária.

Este mês, a 11 de Novembro, foi publicado em Diário da República um despacho determinando o encerramento do procedimento de classificação da Linha do Tua como Património de Interesse Nacional. O Igespar recusou a classificação da linha como património nacional por considerar que o seu interesse cultural é reduzido dos pontos de vista arqueológico, arquitectónico, etnográfico, científico, técnico e industrial. Quem teriam sido os técnicos que assim consideraram? Terão eles a preparação, a formação, os conhecimentos e a experiência indispensáveis para chegarem a estas "aberrantes" conclusões? Os subscritores do requerimento que deu origem ao processo vão recorrer judicialmente da decisão, mas... já podemos imaginar o que acontecerá.

Presto a minha homenagem simples, mas cheia de emoção, ao Movimento Cívico pela Linha do Tua, a todas as outras organizações políticas e sociais que desenvolvem esforços para preservar o caminho-de-ferro do Tua.”

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Uma morte anunciada

por JOSÉ SILVANO (Presidente da Câmara Municipal de Mirandela)

“Numa altura em que toda a Europa valoriza o caminho-de-ferro, nomeadamente as linhas estreitas de montanha, o nosso Governo e as empresas públicas ligadas à ferrovia desprezam por completo o património ferroviário nacional.

A Linha do Tua já teve uma morte anunciada em finais da década de 80, quando o troço entre Mirandela e Bragança foi desactivado. Nessa altura também se pensou em encerrar a Linha do Tua mas a implementação do projecto do Metropolitano Ligeiro de Mirandela, levou a que este troço da linha entre o Tua e Mirandela não encerrasse. O Metropolitano Ligeiro de Mirandela foi a primeira tábua de salvação da Linha do Tua.

Nos últimos anos, misteriosamente , esta linha centenária que nunca tinha tido acidentes graves, teve dois acidentes gravíssimos com algumas mortes e alguns feridos. Todos se interrogaram sobre as causas e a especulação trouxe ao de cima várias causas e vários motivos, mas ninguém se lembrou que a principal causa era o abandono da linha ao longo dos anos sem as necessárias intervenções de segurança. É que esta linha fica no interior profundo, em Trás-os-Montes, e aqui tudo fica abandonado à sua sorte e ao seu destino. O Governo de Portugal abandona o seu território e com isso a desertificação impera. Só este abandono do território justifica que esta linha esteja há dois anos sem qualquer intervenção de segurança e se encontre encerrada entre o Cachão e o Tua. Se fosse no Litoral a linha tinha aberto em segurança passado um mês ou menos.

Mas, infelizmente, estou convicto que este encerramento provisório serve os interesses de um encerramento definitivo para que se possa construir a tal barragem de Foz do Tua que vai inundar a linha e retirar da memoria dos Portugueses esta obra de arte construída com empenho e arte pelos nossos antepassados e dar cabo daquele património natural que é o vale do Tua. Este meu pensamento encontra eco nas atitudes dos responsáveis da Refere da EDP que em consonância, vão pedindo a desclassificação desta linha do património ferroviário português. É caso para dizer que a linha do Tua não sabe nadar e vai morrer afogada.

O que importa realçar com este eventual encerramento da linha é que mais uma vez os transmontanos vão perder uma fileira turística de qualidade - o turismo natureza - que podia atrair milhares de turistas à região e vão ficar definitivamente sem qualquer possibilidade futura de transporte ferroviário porque acaba o único corredor onde ele podia existir. A ligação ferroviária entre o Interior e o Litoral fica definitivamente afastada. É mais uma perda no de-senvolvimento regional. E aquelas populações isoladas ao longo da linha como vão poder ir ao médico, às compras, aceder à educação e ao desenvolvimento? A resposta é que são poucos e de certeza não vão incomodar o todo poderoso centralismo.

Ainda haverá alguma coisa a fazer? Penso que até ao lavar dos cestos é vindima e como tal ainda não estão completamente esgotadas as formas de luta de defender este património ou de pelo menos limitar ao máximo a sua extinção. Para isso é necessário mobilização nos objectivos. Esta perda não só prejudica Trás-os-Montes como deixa mais pobre Portugal.”

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E a consequente "palavra oficial"!!!


Diários da República – “links” para:

1) O Despacho preservativo:





2) O Despacho abortivo:





Nota 1: As designações dos Despachos parece serem etimologicamente as adequadas.

Nota 2: A Justiça é lenta mas é justa

Nota 3: Quando estiver tudo terminado...estamos perante "direitos adquiridos" como usualmente para alguns (e custos astronómicos de retrocesso! Incomportáveis, pois!)