Vem a talhe de fouce dizer-vos que muito espantado fiquei com o encaminhamento dado ao ORÇAMENTO RECTIFICATIVO de Estado de 2014, o qual me parece mais de quem da dislexia faz promoção, pois não se revê no acto paralelo com antecedentes que indicariam consequência diversa ... por questão de coerência!
Mas é assim que nos sentimos obrigados a desnudar a coisa chamando os bois pelos nomes: trata-se de uma forma recorrente de erro de interpretação da realidade!
Então não é que a realidade imporia uma atitude coerente com submissão, de novo, a apreciação doTC (Tribunal Constitucional) esta versão "corrigida" do rol?!
Não é uma questão de non bis in idem! Trata-se de submeter, agora, a versão novíssima do mesmo cardápio de medidas com retoques de malvadez e disfarçadas de inocente resposta às altas preocupações dos Meritíssimos!
Nunca se viu tamanha desfaçatez ser acobertada pelo magistrado nacional mais proeminente!
Daqui se pode apenas inferir que anda "uma mão por cima e outra por baixo" deste desgoverno...a tentar passá-lo entre as pingas da chuva para que se não note o despautério nos sacrossantos mercados!
Mas nada mais me espantaria já não fosse o discutido orneio de que "A vida das pessoas não está melhor mas a do País está muito melhor!"
Ou seja: que haja quem não repare que o País é feito de PESSOAS, vamos lá, pois ornear é fácil quando a palha começa a escassear! Agora que venha acobertar estes princípios - e a contrario de anteriores posições sobre a mesma causa - o prócere da Nação, não é desculpável! E não o é por uma das razões:
a) Não pode sua excelência expender uma posição de princípio - e de agastamento, mesmo - com atitudes anteriores do mesmo gravame e que atingem os mais desprotegidos; e abandonar-se agora em delíquios virginais;
b) Não pode o principal magistrado da Nação requerer - pelas razões apresentadas sobre o assunto e publicamente difundidas pelos órgãos de comunicação social - ao TC a verificação de constitucionalidade do normativo em questão; e agora disfarçar quando a correcção daquele é ainda mais gritantemente inconstitucional;
c) Não pode ocultar-se por detrás de uma falsa incomodidade que provocaria ao TC (e a si mesmo) pela reiteração do pedido de verificação de conformidade com a Constituição quando estão em causa centenas de milhares de CIDADÃOS que, a tornarem-se eficazes as normas controvertidas, se sentirão, mais ainda, e recorrentemente espoliados de um resto de "pão" e de "dignidade" que os vai sustentando e aos seus;
d) Não pode, pois não lhe é permitido ignorar o País e que este é feito de pessoas com direitos e garantias plasmados na Constituição;
e) Não pode, pois o exercício do cargo é desempenhado na total independência de agremiações políticas - é pressuposto de candidatura e da representação de TODOS os PORTUGUESES e não apenas dos que pertencem a uma facção política;
e) Não pode, porque está em causa a exigência constitucional que o obriga a defender a todo o custo o cumprimento estrito da Constituição!
Está demonstrado que a insistência no mesmo grosseiro erro tem trazido para o PAÍS e para as PESSOAS - destrinça que a camarilha no governo pretende inculcar-nos - uma pauperização e uma desertificação nunca em tempo algum vistas por aqui!
Não se percebe tanta ciência adquirida e ministrada (ou é só conversa?!) enrolada por meia-dúzia de gaiatos que não têm da vida qualquer experiência que não seja aquela das mocidades (mocidades: antes tivesse sido, honestamente!) partidárias - que instilam estes princípios de empreendedorismo e demais falácias transversais só proprios de mal acabadas preparações!
Será que há qualquer coisa que empece a independência a sua excelência diante destes malandrins?! Será a troica? Serão os mercados? Será que sua excelência se sente condicionado no exercício das suas obrigações constitucionais? Se é assim só há um caminho: a resignação do cargo!
Ou estaremos perante uma das condições constitucionais para declaração de inabilitação de sua excelência para o cargo?
É que erros de interpretação da realidade são perigosos para o próprio e para a demais envolvente humana! Muito relevantemente quando cometidos por quem deva demonstrar as mais impolutas qualidades físicas, psíquicas e morais! Não basta atirar aos outros que teriam de nascer pelo menos duas vezes para a si se assemelharem em questão de princípios! Há que ser coerente e demonstrá-lo na prática!
"Juro por minha honra desempenhar fielmente as funções em que fico investido e defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa. " [in artº 127º, nº 3, Constituição da Republica Portuguesa]
... ou a paranóia é nossa? Daqueles que "podem não estar melhor..." dir-se-ia: para que estivesse melhor o País, aquele abstracto ente que não é conhecido por uns mal-feitores vendidos à prosápia e aos mercados!
Deus vos acrescente!
(Aliás o PM já afirmou não ser muito abonado! Por isso, mais uma razão! - aliás não estaríamos já convictos? - Não precisávamos de afirmações tão pessoais! - Pois parece que o nosso mal é mesmo esse: desgovernados por falta de abono! Daí a prece!)
Infeliz Pátria que tais mandantes tem! Fazem fraco o Povo aqueles que tergiversam no seu encargo! Ou que não estão suficientemente abonados para o isento exercício do seu múnus! Têm alma de criados e desempenho de vassalos!