...e pus-me a discorrer, ao "correr da pena", sobre esta terra de MOURÃO - ali, na margem esquerda do Guadiana, regada pelas suas águas, subidas pelo regolfo da Barragem de Alqueva (atenção: o Rio é o Guadiana, não é Rio Alqueva, como muitos sugerem - até na "Agenda 21" da Câmara Municipal de Mourão, encomendada a uns "peritos" que insistem na "Barragem do Alqueva"! Santa ignorância, imperdoável falta de revisão!)...
...e discorri o que segue, em ideias destemperadas e soltas - vá-se lá parar a corrente do pensamento! Hão-de perdoar-me a dispersão. Encontrareis, estou certo, o "fio da meada"!
Seria bom que a TYCO viesse a Mourão, seleccionasse pessoal para formação, decidisse uma instalação subsidiária por aqui…arrancando com um novel parque industrial, e trouxesse mais indústrias com ela. Mourão agradecia.
Em vez de exportar mão-de-obra, importava-se conhecimento, equipamentos, pessoas qualificadas, e ajudava ao desenvolvimento e fixação familiar.
Mourão já tem emigrantes a mais…e gente a menos! Não necessitaria de ver mais uns quantos a saírem.
Reactivava-se – ou criava-se – escolaridade e ensino profissionalizante.
Fala-se em “arquitectura de terra”! Onde há, em Mourão, quem faça adobe, taipa, abóbodas! Onde está o fabrico de “baldosas”?!
A Praça está feia! Atira-se para o “lixo” a arquitectura antiga e promove-se o anódino? Que é feito daquelas grades lindas e antigas das janelas senhoriais da Praça? Ofendiam a designação de República? Ficou melhor assim? Não há um critério para a nossa “sala de visitas”? E as antigas sacadas de canelado “cimianto” ao lado da fachada de S. Francisco?! A CMM deveria incentivar a reposição da “traça” subsidiando. Não é um custo! É um investimento! A atractividade (é assim que dizem hoje) da Vila deveria estar presente em todas as decisões da edilidade. (Por exemplo: acabar com os horrorosos contentores de lixo, autênticas caldeiras de fermentação e produtores de miasmas e larvas, seria uma acção de atractividade).
Que é feito da iniciada (e parece que defunta) indústria de pedras ornamentais (xisto e outras que se adissem)?!
Quem faz um móvel por aqui?
Os queijos e os enchidos onde se adquirem? Deixou-se ir abaixo estas indústrias locais?!
E o Médico da terra e o enfermeiro? Onde andam? Deixou-se que fugissem? Há 3.000 habitantes?! Não é o suficiente para os ter residentes? Dêem-se incentivos locais à sua fixação!
Professores?! Não há?
A “agenda 21” da CMM é triste, mas pode dar-se-lhe a volta. Estão lá pistas!
Falta trazer iniciativas para aqui!
Tenho saudades de ouvir os sinos a repicarem por Baptizos e casórios…e confrange-me o seu badalar lúgubre e pungente apenas por aqueles que “partem”!
Precisamos de pessoas, muitas pessoas, por aqui! Que trabalhem, que ajudem o desenvolvimento local, que participem!
Precisamos de actividades agrícolas, comerciais, de serviços, industriais que nos levem a abandonar o paradigma do “lar-de-terceira-quarta-quinta-idade” como símbolo do Estado-Social! Estamos a tratar da foz e não cuidamos da nascente! É a civilização do T1, T2, …Tn que impera, em vez da civilização da Família extensiva e integradora…da Família onde os Avós se comprazem com Netos e estes aprendem que a velhice é a porta de uma vida linda que Deus colherá quando Lhe aprouver, mas cheia de alegria e realização! Ouvi há tempos um velhote dizer que na casa dos Filhos já ele não cabe! Mas os Filhos couberam na dele! Sinceramente, chorei! Os velhos não cabem na casa dos Filhos! Onde chegámos! Bastava que a casa fosse dimensionada para a Família, para o convívio – ainda que com as intimidades adequadas salvaguardadas – onde os Netos aprendam com os Avós, que possam ficar com eles quando os Pais precisarem; e que, quando eles precisarem, haja espaço e disponibilidade para eles! Maldita civilização do automóvel de 4 lugares! Não há lugar para os Avós!
Precisamos de dinâmicas locais (bem-haja o Bragança e a sua cozinha honestìssimamente alentejana, sem cedências a modernismos bacocos; e outros, que os há por aqui; o Solar de S. Bento, a Casa Esquível, o Monte do Caneiro, etc. pela iniciativa e risco); de ver reavivadas actividades tradicionais, com porta aberta com dimensão e dignidade: onde se adquira o Rançoso, o Bolo-Podre, a Cavaca, o Doce de Vinagre, o Fidalgo, o Pão-de-rala, etc., avulso e embalado com qualidade, produto DOP! A marca MOURÃO! O vinho identificado com Mourão e não envergonhado atrás da marca GRANJA (sem qualquer desprimor)! O calçado tradicional configurado aos tempos de agora, mas não adulterado! A “saragoça” recuperada em trajos de inverno com “design” vendável! O CANTE promovido em encontros em MOURÃO e gravado e difundido com qualidade! A margem do regolfo com EXCELENTES instalações de restauração local…eventualmente uma EXCELENTE instalação hoteleira ribeirinha! E a permanente promoção de desportos e competições náuticas – vela e remo – desafio entre todas as localidades ribeirinhas? E travessias constantes entre estas, explorando as sinergias das aldeias e vilas da margem?
Precisamos de pavimentação de ruas originais e características (Monsaraz “passou um bigode” a Mourão na recuperação excepcional da urbe, restaurando e não destruindo o passado!). Precisamos de requalificar os cafés da Praça, dar-lhes dignidade e acabar com o aspecto “tasqueiro” que aparentam (interior e exteriormente), torná-los apetecíveis, montra dos produtos da terra servidos com nível e gosto e atenciosamente!
Acabar com a barulheira infernal de anunciantes pelas esquinas e ecos da Vila sempre que há festejos! Conversa sem fim e barulho não convidam ninguém! Mourão tem de excepcional é poder ainda ouvir-se a voz humana no silêncio das tardes ou nas manhãs de sol. A par da luz e da cor! Não precisa de “acrescentos”!
Deixem estar à compita os sinos, civil e religioso, no “bater das horas” – há sempre um que está atrasado, o que tem simbologia!
Para quando a restauração do Castelo, dos seus baluartes, revelins e barbacãs limpos de ervas que destroem e obliteram a História?! E o fosso limpinho e asseado, sem porcaria e imundície?! E o aproveitamento do seu interior de forma permanente?!
Há um ror de coisas a fazer! Por ti, minha terra, meu amor!
Nota: É óbvio que o Engenheiro Bação e a sua Adega Velha tem lugar na História da Vila! É um exemplo do que com provincianismo orgulhoso, do bom, se pode fazer! Tem críticos? Só os insonsos os não têm! Ele é um Senhor e todos o respeitam...e traz "gente de Lisboa" até aqui sem ter cartazes nem desdobráveis!
Tem razão. Mourão está completamente ao abandono. Como se sabe as pessoas de Mourão nunca foram de grandes iniciativas; pouco saem para arejar as ideias, e quando saem é de vez, já não voltam, a não ser pela festa. Nem a gente nova tem iniciativas. Acomodam-se, são lentos, e com ideias “tão luminosas” como a do Presidente da Câmara, que para não ter trabalho demasiado ou por não ter quem quisesse trabalhar (tenho que dar o benefício da dúvida à ideia) mandou alcatroar toda a vila em vez de mandar arranjar a calçada antiga. À mistura deve estar associada uma certa pouca sensibilidade para a cultura no sentido de manter a vila na sua traça antiga, o que o leva por vezes a ceder, também, a alguma construção fora da traça habitual, à boa maneira do emigrante que quer copiar o que viu onde esteve a trabalhar. E aberrante, agora, é a colocação, em cima dos telhados, de aparelhos para o aquecimento de águas a partir da energia solar, dando-se a coincidência de haver um numa casa que fica mesmo na rua de acesso à Igreja Matriz. Lindo, lindo, lindo! Já houve, em tempos, uma parabólica colocada em cima de um telhado ao lado de uma chaminé antiga. Mas essa, como foi detectada por um técnico do, na altura IPPAR, creio que foi retirada.
ResponderEliminarMas não é só Mourão que sofre desses males: se começasse para aqui a falar da cidade de Évora, teria que demonstrar como é “campeã” em atentados contra o Património, porque até para certas pessoas com grandes responsabilidades nesse campo há coisas “que têm que acompanhar os novos tempos e deixar marcas da nova era”.
Contudo, quem sabe respeitar e tirar rendimento do “passado histórico” não vai, com certeza, deitar abaixo as casas de madeira de uma cidade da Suíça, tão características, como as daquela em que se hospedou a selecção nacional durante o campeonato mundial de football de 2006, na Alemanha, senão teria que dizer adeus ao turismo, porque só as montanhas não chegam para o atrair.