A gente amanha-se com o que pode e é exemplo disso a mangação que se argúi na semântica das coisas ditas e escritas que até ficamos esparvoeirados da erudição falada e escrita!
Para me tirar de dúvidas sobre os lexemas em uso corrente de cada vez que se arma uma trapalhada em torno de uma qualquer excelência, dou-me ao trabalho de dilucidar a minha eventual iliteracia sobre a língua-pátria na consulta mais imediata que tenha à mão e, vai daí, uma qualquer conclusão se representa possível!
Ilustremos:
1. Exclusividade: o mesmo que exclusivismo;
2. Exclusivismo:
a) Qualidade daquilo que é exclusivo.
b) Espírito de exclusão.
c) Prática que exclui ou pretende excluir outros.
3. Exclusivo:a) Que exclui; privativo, pessoal, único.
b) Privilégio, monopólio.
Dir-se-ia: "- 'Prontos', está explicado!"
Mas qual quê?! Isso era ficar nos prolegómenos da coisa!
Pelo que podemos dizer,sem ferir susceptibilidades, que "excluímos" o "privilégio", o "monopólio", o "pessoal", o "único", o "privativo" ... e ficaremos com o "que exclui"!
E é aqui que parece que "a porca torce o rabo" como usa dizer-se quando a problemática da axiomática foge do rego!
Assim, "o que exclui" assumir-se-á mui linearmente como "se se é uma coisa não se poderá ser outra" ao mesmo tempo!
Ende, estar ocupado em exclusividade terá de entender-se como uma ocupação excludente de outra, que exclui qualquer outra!
Pelo que, por exemplo, ser deputado em exclusividade (é um exemplo como qualquer outro) será uma actividade excludente do exercício de qualquer outra actividade, mesmo que esta outra seja, pretendidamente, exercida "pro bono", pois a exclusividade apenas se refere à impossibilidade do exercício de outra actividade e não à percepção de qualquer remuneração em espécie, em género ... em graças! Trata-se de uma impossibilidade material traduzida semânticamente no lexema em apreço! É uma questão de linguística!
(interpretando de outra forma, estaríamos no domínio da dislexia! - o que não será de estranhar nos tempos que correm!)
A menos de se tratar de um santo antónio de trazer por casa que repara as bilhas às cachopas por diversão e que, detendo o dom de ubiquidade, salva o pai da forca ao mesmo tempo! Mas, convenhamos, mesmo que se tal dom estivesse presente (não o de reparar bilhas), tratar-se-ia de uma fraude à língua-pátria dizer que se exercia uma actividade em exclusividade, pois salvar o pai da forca e consertar as bilhas às pequenas não configura o requisito de exclusividade, antes se define como a capacidade de "multiprocessamento" ou de paralelismo! Nem mesmo com ambidestria vamos lá!
Concluindo-se, desta forma, que o exercício em exclusividade de uma actividade há-de pressupor a dedicação total a esta com exclusão de todas as outras (admitindo-se o sentido ocupacional e não familiar das ditas). E para o caso, não interessa se há remuneração seja de que espécie for para todas ou alguma delas!
A exclusividade há-de pressupor a total e permanente disponibilidade para o exercício da actividade, não podendo ser oposta ao seu exercício a indisponibilidade a qualquer momento. E pressupõe o natural repouso para que na actividade exercida em exclusividade se possa ter total disponiblidade mental e psíquica que ela exigirá!
Pelo que é uma garotada andar-se atrás de alguém pelas quantias percebidas e a sua natureza numa actividade que não aquela que se escolheu exercer naquele regime (de exclusividade).
A "vexata quaestio" não passará assim de saber-se da não exclusividade; ou seja, estar-se-á perante uma mentira ao afirmar-se o exercício de uma actividade em exclusividade quando o exercício de outras foi feito nos tempos em que àquela competia a dedicação!
Em Física, dir-se-ia: "dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo" ("princípio da impenetrabilidade da matéria")! Aqui dir-se-á: "duas actividades não podem ser exercidas ao mesmo tempo quando uma delas for exclusiva"!
(claro que se argumentará: "nenhuma foi exercida no mesmo tempo"! Mas apenas por falácia se dirá tal!)
A ser assim, parece que se anda atrás de um gambozino para entreter o pagode!
De que lado está a seriedade? Se uns derruem a dignidade dos cargos por dislexia (digamos assim); outros derruem-nos pela falácia na procura do objecto do pretenso crime que se visa justiçar!
O gambozino, a bilha da moçoila, ou qualquer outra coisa que se pretenda encontrar ou dela fazer reparação está na SEMÂNTICA! Não nos atirem mais areia para os olhos! EXCLUSIVIDADE vem nos dicionários ... e nalguns princípios de ÉTICA!
Apostila 1: como me habituei a deixar-vos o significado dos termos que podem constituir controvérsia, segue:
ética
(latim ethica, -ae)
1. Parte da Filosofia que estuda os fundamentos da moral.
2. Conjunto de regras de conduta.
"ética", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha]
Apostila 2: Pelo menos, até hoje, era o que queria dizer (mesmo no novo acordo ortográfico que Deus guarde quando Lhe for mais conveniente)
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