EQUIDADES E OUTROS SEMANTEMAS
Vem a propósito a discussão
candente de equidade nos cortes das
pensões de aposentação onde já tudo vale na confusão dos conceitos, dos
princípios e dos sistemas legais fundadores respectivos visando-se a
obliteração da questão de fundo! Não há briefing
– designação saloia de reunião, encontro para informação – que não tente
escamotear a irracionalidade da medida preconizada: a inconstitucionalidade da coisa!
Diga-se que não é fazendo razia
sobre todos os que detêm rendimentos de velhice que se torna constitucional uma
medida sob o falso manto de igualdade mascarada
de equidade, como se os
Juízes Meritíssimos do TC fossem alvares criaturas que se enganam com uma rasteira semântica! (Não é que sejam
subidas criaturas dotadas de infalibilidade – que eles também usam de interpretações e razoados mui elaborados para afirmar por branco a negridão das
coisas! Quanto ao PR, já o mesmo se não afirma, pois se demonstra empìricamente
a falta de cultura neste universo de discurso! Os seus epistemas são de diversa
índole e duvidosa fundação!)
É que não se trata de EQUIDADE
mas de CONFIANÇA, BOA-FÉ, SEGURANÇA! Coisas que um Estado de Direito Democrático deve relevar
na sua relação com os CIDADÃOS!
É isto que está em causa! Não há
que abocanhar também as pensões da CGD e as subvenções dos políticos! Isto é
outra história! São contas de rosários distintos!
(Conquanto se possa questionar:
a)
As pensões dos ex-funcionários da CGD, que resultam
de uma carreira contributiva específica (?) atendendo à natureza da CGD –
entidade bancária – sujeita (diz-se!) a um ambiente de concorrência, pelo que a remuneração dos seus trabalhadores deve
ter este factor em conta! – Aqui arguir-se-ia que o Estado (nós, os
contribuintes!) é o único acionista, pelo que o dinheiro desse “elefante sagrado” têm a mesma origem que
o dos pensionistas da CGA (de que, aliás, são gerentes e administradores por
inerência as sumidades administradoras da referida CGD!);
b)
As pensões dos respectivos administradores – no cumprimento
contratual estrito e negociado
(reitera-se: o Estado – nós, os contribuintes – é o único acionista, pelo que é
escandaloso dar as ucharias que se conferem, quer haja ou não lucros, quer se
cumpra ou não a totalidade do contrato - aqui, convém sempre um padrinho que
proporcione a ruptura antes do mandato findar : cláusula indemnizatória
accionada!; quer se atinjam ou não os objectivos das cartas de missão – pois o seu inadimplemento será sempre devido à
adversidade das conjunturas (que aliás se escrevinham nos Boletins de Primavera
e de Verão – não sabemos se de Outono e Inverno – do BdP e demais análises
periciais da Associação dos Confrades, que dá pelo nome APB, oportunamente
salvíficas de imparidades e comportamentos improváveis dos mercados);
c)
As subvenções dos políticos - pois não consta a
sua miséria posterior ao exercício de funções públicas (bom, não me estou a
reportar a tempos da I República, como lhe chamam)! Subvencionar o quê? O
incómodo do exercício?! Olha, o Bento – sim, o da ética empresarial e outras
obras de caridade e conselheiro de estado – do estado a que as coisas chegaram!
– recusou-se, ao que consta, ao dito exercício por perda de rendimentos! Mas há
p’r aí coelhos e outras espécies rolando por cima da carne seca! Querem nomes?
Quando tiver paciência, escarrapacho por aqui os Conselhos de Administração, os
Conselhos de Curadores de Fundações, os CEO e os CEF, os Presidentes de
Conselhos de Administração e de Assembleias Gerais, os pródigos escritórios de
advogados, etc., etc., que contam com um “vai-vem” entre o Largo das Cortes, a
Rua da Imprensa à Estrela, etc., e as suas sedes sociais ou representações
nacionais e estrangeiras, sem contar com BEI, CE, FMI, Goldman, Citigroup, et alia! E empresas Públicas e Agências
disto e daquilo e Altas Autoridades e de Concorrências, e mais um ror de entes
públicos mais ou menos privados em prebendas e conezias até dizer chega!
Naturalmente que há os políticos isentos e probos também, como os de Pirescoxe…mas
estes não têm subvenções!
O que quer dizer: não se misturem
alhos com bugalhos para distrair do cerne da questão!)
É que os trabalhadores do Estado
e actuais pensionistas da CGA não tiveram uma vida árdua de trabalho, não
tiveram restrições ao seu arbítrio (v.g., o trabalho, fora dos seus horários de
serviço, estava-lhes, na generalidade, vedado por Lei!), mudaram de local de
trabalho tantas as vezes quantas as necessárias ao exercício do seu múnus ou à
merecida progressão nas carreiras, sem direito a negociações! A Lei era a sua
bíblia e o seu vade mecum! A
exigência de competência comprovada ao longo da vida uma obrigação!
Vem agora um rosalino descabelado pretender igualizar um Professor a um
telefonista de uma qualquer companhia de seguros! Um Médico a um qualquer copywriter de sabão para a pele! Um
vendedor de automóveis a uma chefia de divisão técnica responsável por pontes! E
demais, e demais! Onde os Juizes? Onde os Especialistas dos mais variados ramos
da Medicina responsáveis pela direcção técnica e formação dos mais novos? Onde
os concursos de provas públicas para progressão? Onde a participação em júris
de avaliação de competências técnicas e científicas? Onde a responsabilidade
pela garantia de qualidade do que se ingere e abate para alimentação humana?
Onde a responsabilidade pela qualidade técnica dos fármacos e outros produtos
de saúde? Onde a responsabilidade pela verificação e manutenção da salubridade
e higiene do ambiente? Onde a sede de garantia técnica pelo edificado urbano,
rodoviário e de obras de arte viárias? Onde a responsabilidade e a garantia de
abastecimento salubre de águas? Onde a responsabilidade pela qualidade
ambiental e verificação de cumprimento de regulamentos sobre saneamento? Onde a
responsabilidade pela implementação e definição de medidas normativas sobre as
diversíssimas actividades humanas com implicação social (Fukushima, estamos a
ver?)? Onde a sede de produção de normas de convivência social digna? Tudo isto
e o mais que se poderia dizer: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA CENTRAL E LOCAL! Ou seja,
os tais descartáveis que se amesendam na CGA depois de uma vida
profissional em prol de todos!
São estes os comissionistas de produtos financeiros inqualificáveis? NÃO!!!
O governo (?) afirmou – está escrito
e gravado e não há maquinação de “power
points” – que só se atreveria a tocar nas pensões se fosse de todo
impossível obter as mesmas receitas por outros meios sustentáveis! (E mesmo
assim, esta afirmação é INCONSTITUCIONAL nos efeitos pretendidos!)! O que fez o
governo ? Negociou o resgate de “swaps”
e impôs (?) uma pequena esmola aos
rendeiros do Estado! (Os Mexias mexem muito! É de seu natural genético mexer!)!
Na “negociação” dos “swaps”
informam-nos que não houve perdas para o Estado (para nós todos) por haver
compensações nos “swaps” “ganhadores”
do IGCP! Ou seja: devia “ir tudo de cana”, pois vem demonstrar-se que o governo
(?) negoceia com indivíduos de mau carácter aquilo que deveria ter denunciado, e
anulado estes contratos; e ainda ter exigido
compensação pelas outorgas e pela má-fé ínsita nestes! Eram, demonstradamente, como se
vê, baseados na reserva mental de quem tinha nas mãos o poder de manipular as
indexações ou dispunha de informação privilegiada, colocando a outra parte
outorgante em posição de total assimetria
negocial! E, só aqui, o ressarcimento devido cobriria muitíssimas vezes os
chamados “cortes nas pensões” – que agora se designa por “convergência dos
sistemas de segurança social”! (Convergência que os pariu! Que não destrinçam a
natureza diferenciada dos contratos que originaram as pensões em causa - e em
crise” – nem os princípios constitucionais enxergam e que ofendem
deliberadamente…e com engano pretendido, camuflado de roupagens de equidades!)
Mais: já nem as(os) viúvas(os) se
respeita no seu luto e na vida que lhes
resta viver sòzinha(os) pois até as pensões de sobrevivência se põe em causa! E
falta-nos humor para apreciar a contenção nas reduções para os velhos de mais
de 75, 80, 85, 90 anos! Ou face a pensões de duas ou três centenas mensais de
euros!
(Mas tudo isto se refere nos briefings - que os pariu com
estrangeirismos bacocos, que nem a Língua Pátria dominam! – com a maior
candura! E que, sim senhor, o governo (?) está atento às subvenções e que, como
disse o rosalino de mau pêlo, os sistemas são distintos e que a seu tempo se
verá!)
(E por que razão os Meritíssimos
e as forças armadas, de segurança e os diplomatas não são incluídos no rol?!
Pois estes senhores estão “indexados”! Indexação essa que os protege de serem
roubados, pela mesma medida, nas suas pensões de aposentação e similares (que
as designações são diversas)…apesar de terem sido servidores do mesmo Estado
que todos os restantes aposentados da CGA! )
Mas não nos move inveja! Move-nos
revolta, raiva, pela impotência na velhice para conduzir uma LUTA a sério
contra tanta cavilação!
Que se fique ciente: tudo o que o
governo(?) “negociou” em BPN, BIC, BPP, PPP, “swaps” e rendas de oligopólios daria para, sustentadamente e
estruturalmente, evitar esta pulhice de cortes nas pensões de aposentação e de
sobrevivência!
E ainda tem a lata de enviar o
rebuçado embrulhadinho para o TC ler – se o PR não se encolher, como habitualmente
– em adverbiações de medidas temporárias e reposição das
actuais pensões logo que em dois anos seguidos o deficit orçamental esteja abaixo dos 0,5% (!!!!) e a economia tenha
crescido, concomitantemente, 3% (!!!) ou mais, tentando dizer ao TC que isto são
medidas excepcionais e temporárias e que têm a ver com a situação financeira do
Estado!
E tudo o que deveria ter feito
para, de forma sustentada, vir a garantir as mesmas condições de execução
orçamental e de decréscimo da dívida, em vez deste roubo? Esta deveria ser a vexata quaestio a ser-lhe proposta pelos ditos Meritíssimos
do Ratton!
É que se os deuses não estiverem
loucos…isto não vai acontecer por esta forma! Retira-se meios aos Cidadãos, o
consumo decresce, as empresas vão à falência, os desempregados vão estender a
mão à segurança social…e o governo (?) acha exequível a reposição das pensões
neste cenário!! Nada fez para conseguir os mesmos efeitos económicos e continua
na mesma teimosia de azorragar os Cidadãos de toda a forma e feitio!
O Paraíso dos nefelibatas está
ali na S. Caetano! Há lá mais?
Afinal…o gaspar – homónimo do cão
do ex-Deputado Honório Novo – previu as consequências das suas loucas medidas e
pôs-se ao fresco! (O BdP, vá-se lá saber por que razão, deve viver noutra
galáxia fiscal! E acolhe qualquer xanax fugido
da nave dos loucos!)
Como epigrafava:
CAUTELA E CALDOS DE
GALINHA NUNCA SÂO DEMAIS!
Pelo que fica aqui um alerta!
Andam a desviar-nos as atenções do que é, para nós, pensionistas, essencial!
Naturalmente que, como CIDADÃO,
pretendo a imediata acção da PGR sobre todo este imbróglio e mistificação e
desvio de dinheiros públicos e negociações acobertadas e a completa punição,
civil e criminal, de TODOS os intervenientes!
Pois chegaria a recuperação de todos
os valores objecto destas negociatas com dinheiros públicos para tornar
sustentável a República! A dita dívida pública tem a sua origem, natureza e
fundamentos clarificados…bem, ainda faltam uns rabos de palha – ou como diz a
Drª Cândida Almeida, falta ainda caçar muita minhoca e vasculhar-lhes as suas
tocas! E depois pagamos nós, os mesmos de sempre!
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